"Teu amor pelas cousas sonhadas era teu desprezo pelas cousas vividas."

sábado, 1 de novembro de 2008

Sem título e bastante breve.


Tenho o olhar preso aos ângulos escuros da casa, tento descobrir um cruzar de linhas misteriosas, e com elas quero construir um templo em forma de ilha ou de mãos disponíveis para o amor.... na verdade, estou derrubado sobre a mesa em fórmica suja duma taberna verde, não sei onde procuro as aves recolhidas na tontura da noite. Embriagado entrelaço os dedos, possuo os insectos duros como unhas dilacerando os rostos brancos das casas abandonadas, á beira mar...
Dizem que ao possuir tudo isto poderia Ter sido um homem feliz, que tem por defeito interrogar-se acerca da melancolia das mãos... esta memória lamina incansável
Um cigarro, outro cigarro vai certamente acalmar-me.... que sei eu sobre as tempestades do sangue? E da água? no fundo, só amo o lodo escondido das ilhas...
Amanheço dolorosamente, escrevo aquilo que posso estou imóvel, a luz atravessa-me como um sismo. Hoje, vou correr à velocidade da minha solidão.
(Al Berto)

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