A vida, para a maioria dos homens, é uma maçada passada sem se dar por isso, uma coisa triste composta de intervalos alegres, qualquer coisa como os momentos de anedotas que contam os veladores de mortos, para passar o sossego da noite e a obrigação de velar. Achei sempre fútil considerar a vida como um vale de lágrimas: é um vale de lágrimas, sim, mas onde raras vezes se chora. Disse Heine que, depois das grandes tragédias, acabamos sempre por nos assoar.
A vida seria insuportável se tomássemos consciência dela. Felizmente o não fazemos. Vivemos com a mesma inconsciência que os animais, do mesmo modo fútil e inútil, e se antecipamos a morte, que é de supor, sem que seja certo, que eles não antecipam, antecipamo-la através de tantos esquecimentos, de tantas distracções e desvios, que mal podemos dizer que pensamos nela.
Desta forma, aqueles que se entorpecem, embriagam e enlouquecem não terão uma consciência mais lúcida da vida do que os bons sujeitos admiráveis da nossa sociedade?
1 comentário:
tá...confesso que às vezes, eu bebo, fico desligada dos problemas da vida. me faz bem. eu acordo com a sensação que tudo pode ser renovado.
adorei o texto!
beijoss
Thay
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